Então, levou ela para um lugar especial. Dali de cima via-se toda cidade. Mesmo com a pouca luz que vinha da lua era possível ver as máquinas, sujeira, construções, aglomerado de moradias e luzes de sirenes. Lá estavam. Os dois. Nos seus pés o precipício, nas suas cabeças o céu quase coberto, escondido por trás de uma fumaça vermelha. Então ele olhou no fundo dos olhos dela, se ajoelhou e com toda força pediu “Por favor, para de invadir meus sonhos.” Ela desatou a chorar, mas não foi de amor por ele. Aquilo ela nunca sentiu, as circunstancias não permitiram. “Por favor, para.” De repente seus cabelos começaram a se desprender de sua cabeça. Tufos e tufos no chão. Ela gemia. Soluçava como quem tem um buraco enorme. E num soluço bem agudo, desses que vem de bem fundo, sua boca se encheu de uma terra seca. Foi ai que o tempo parou. Todas as maquinas, todas as sirenes e construções. Ela caminhou, devagar, de pé em pé em direção ao penhasco e se abandonou. Ele chorou, chorou um choro de alivio. Agora podia seguir.
Mas, pra sua agonia, acordou.