pequeno(a)um) pedido

19.abril.2010

Então, levou ela para um lugar especial. Dali de cima via-se toda cidade. Mesmo com a pouca luz que vinha da lua era possível ver as máquinas, sujeira, construções, aglomerado de moradias e luzes de sirenes. Lá estavam. Os dois. Nos seus pés o precipício, nas suas cabeças o céu quase coberto, escondido por trás de uma fumaça vermelha. Então ele olhou no fundo dos olhos dela, se ajoelhou e com toda força pediu “Por favor, para de invadir meus sonhos.” Ela desatou a chorar, mas não foi de amor por ele. Aquilo ela nunca sentiu, as circunstancias não permitiram. “Por favor, para.” De repente seus cabelos começaram a se desprender de sua cabeça. Tufos e tufos no chão. Ela gemia. Soluçava como quem tem um buraco enorme. E num soluço bem agudo, desses que vem de bem fundo, sua boca se encheu de uma terra seca. Foi ai que o tempo parou. Todas as maquinas, todas as sirenes e construções. Ela caminhou, devagar, de pé em pé em direção ao penhasco e se abandonou. Ele chorou, chorou um choro de alivio. Agora podia seguir.

Mas, pra sua agonia, acordou.


O tédio, o remédio e o trágico

20.janeiro.2010

Ontem comprei um cheiro, um terço, e uma batina, tudo novo pra minha dama. Pra ver se mudava algo dentro e fora da cama. Pedi pra chama-lá de Aparecida. Pra ver se apimentava a vida. Aquilo tudo dava menos trabalho que trocar de mulher, e a minha já esta um tanto educada nesta função. Aprendeu as safadezas, as obrigações, e os modos da vida conjugal, foi adestrada com muito cuidado. Aconteceu que nos primeiros dias ela mal queria por a roupa, agora ela só atende pelo nome de Aparecida, está metida a santa e não encosta um dedo em mim.


o mocinho falou pra mocinha e foram felizes para sempre (haaá, os livros…)

7.dezembro.2009

Hoje eu vou. Porque se não for com você não há de ser com ninguém. Como um rio que corre trombando na margem e perdendo um pouco de si pelo caminho, eu vou, vou como esse rio desaguar no seu mar. É ali que quero me banhar. Ainda que as vezes eu resista. Me irrite ou não me entregue. Ainda que eu seja por de mais ensimesmado. Desculpa, o acaso me fez assim. Um velejador com medo de perder o controle de seu barco, um velho turrão que ignora inclusive o poder do vento e achando que pode trilhar o caminho que quiser, atravanca, sem saber qual caminho quer. Hoje eu vou me banhar em você. Pois é seu mar quem vai me navegar.

Do seu.


19.outubro.2009

Depois de muito tempo ele tomou coragem. Tirou o pano fedido de cima da tela do computador. Limpou as letras sujas do teclado e esticou as mãos. Devagar ele abriu o peito deixando que as letras escorressem pela ponta dos dedos:

– Eu ainda penso em você. Por mais que eu finja, fuja e fale que não, ainda tem um pouquinho de você na mesa do café, naquele copo que você gostava, sabe? Ainda tem um pouquinho de você na tela que eu pinto. No lado mais fundo do colchão, não que você seja gorda…. Ainda tem você. No sonho, no frio, no medo. No desejo. Tem você em cabelos no chão do meu banheiro. Tem você no barulho do chaveiro abrindo a porta. Tem você no cheiro da minha camisa. Tem gestos seus nos meus. No meu gosto. Na minha língua. Então se tiver desistido daquele sonho besta, se já tiver vivido tudo o que queria, se já quebrou a cara, chorou, amou, se já se deu conta que aquilo que procura não existe, se existe é só de mentirinha. Enfim, se já estiver pronta. Por favor me procure, assim rapidinho, só pra eu ter certeza que aquela que deixou os cabelos no meu travesseiro já não é a mesma, que aquela que deixou os cabelos talvez tenha sido inventada por mim e que talvez nunca tenha existido. Me procure, pra que eu possa também ser outro.

Terminou de escrever e ficou ali, pensando, durante 20 minutos se devia ou não devia mandar o email. 20 longos minutos que criaram milhares de respostas possíveis, tentou também imaginar o que ela pensaria ao ler o recado, mas isso era impossível. Com um frio no peito e a graça do desafio esticou novamente as mãos. E como seus dedos estavam ali tão perto do ENTER, apertou, como quem desconhece o porque.


Um homem sabido falou:

23.setembro.2009

O amor não tem significado. Ele significa.

Uma menina (meia ingênua) pensou:

É a minha chance de dar sentido pra tuuuudo


um homem (meio bobo, meio burro, meio sabido) falou:

19.setembro.2009

– Eu queria ter um amo, pra que pudesse parar de pensar. E entregar meu destino a alguém. Porque esse negocio de criar seu destino e ainda ter de vive-lo é muita tarefa. Então prefiro ter dono. Franzino senhor. Dotado de alguma simpatia e habilidades programadas. Meus desejos são numéricos então isso não ia estrangular muito minha pessoa. Quem sabe uma casa de pau a pique, pra que pudesse manter minha vidinha diabética, enquanto finjo não esperar que a morte sente ao meu lado. Bom mas não foi pra isso que vim aqui. Vim aqui para farfalhar. A mando do meu amo superior, minha cachola. Tchu tchu tchururu… Problema numero um: minhas calças agora tem vida própria, sentimentos! Não há o que eu faça pra que me obedeçam, não sei se vocês já passaram por situação humorística como essa, mas são elas quem dizem quando serão usadas, não eu! Se o humor de minhas calças não bater com o meu, elas se negam a entrar no meu corpo. Mas lhe digo. Pernas pra que te quero? Se eu fosse um gato tímido ia só usar pelos e deixar o tempo me comer cru, como peixe. Quem sabe ele não ia se engasgar, me cuspir para fora e esquecer de mim… Jesus, desculpa se falo assim muito… É só um jeito de não pensar besteiras. Desviar o pensamento do que incomoda.  Difícil de lavourar essas palavras. Larvas pa ta ti tchururu…. Sendo sincero, eu queria dizer coisas sem mensagens, mas parece que não consigo. Quem sabe se eu fizer um relato de fatos consumados. Somente fatos, sem explicações, deduções, e blábláblá. Pra que eu não seja refém de algum recado que já tenha dono. Eu digo: uma criança envelheceu. E pronto, só contei fatos, mas estou certo que você ira interpretar. Jesus, estou sendo usado pra dissipar recados. Eu sou um fio condutor! E nem havia me dato conta! Que coisa mais bela! Eu sou um asfalto! Onde você vai pisar e trilhar o caminho que quiser. Um asfalto “imbazado” de estofo alheio. Mas um dia ei de me emancipar. Assim que tiver um dono! Pra que eu possa libertar os pensamentos e entregar o meu destino. Bom tudo isso pra dizer que. Eu sou um homem. E o tempo provar-te-a.  Se quiser ser minha dona é me só me contratar.


outro pingo no I

8.setembro.2009

Dizem que o leitor do blog quer textos rápidos, diretos e com muito conteúdo, dizem que o leitor de blog nunca esta atento ao que lê. Dizem que o leitor de blog vê e não registra. Dizem tanto sobre esse sujeito que ele até parece um só. Um ser simples assim, sem nó. Um sujeito de dar dó.


Um pingo no i(diota)

12.agosto.2009

CLICHE:

o

Seu marido te deixou na mao?

Brigou com o patrão?

Ta sem tostão?

Sua vida é confusão?

Não consegue resolver a questão?

Tem uma baita depressão?

o

Vai ver televisão!!!

oo

TOUCHE:

o

Nerds, a culpa não é dela não.

Quem não quer pensar é o cidadão.

o

Ou você não toma sua cervejinha antes da prova?

Ah, esqueci, antes da prova não né? Depois, pra aliviar o estress.

Um nerd amigo meu ia no puteiro.

Depois querem culpar aquela caixa de pontos de luz…


com quem?

22.julho.2009

Todos os meus conhecidos sempre estão certos,

                                    não erram.

                                    foram injustiçados.

                                    tem justificativas.

                                    nunca começaram uma briga.

                                    E os conhecidos dos meus conhecidos também…

 

Pergunto: com quem o povo anda se desentendendo então?  Com-quem?


Loucos, lúcidos ou lúdicos

8.julho.2009

Em um quarto escuro, ela rompeu o silencio, aquele silencio verbal:

– Você já me traiu?

Ele, ator, respondeu:

-Fora de cena, nunca!

 

Silencio (verbal)

 

– E você?

Ela, que não era atriz e jamais havia pisado num palco, mas amava Freud, respondeu:

– Fora de cena, nunca!           

E ambos permitiram suas fantasias extraconjugais. O resto foi silencio. Silencio verbal.